Desenho alusivo ao Carnaval, feito pela Mariana a lápis de cor.
Um menino mascarado de Super-Homem, uma menina mascarada de bruxa, uma máscara e um carro alegórico alusivo ao Noddy.
O Carnaval em Portugal
No calendário cerimonial anual português, o Carnaval é um dos mais importantes "ciclos" festivos. Assume particular destaque actualmente nos meios urbanos, mas possui, ao mesmo tempo, ainda características muito próprias nos meios rurais tradicionais. Aqui é anunciado, por exemplo, ainda antes dos três dias que decorrem entre o Domingo Gordo e a Terça-Feira Gorda, por celebrações preparatórias, dir-se-ia, como, por exemplo, as dos "dias dos compadres e das comadres".
Os antropólogos conotam a estas celebrações rituais de glorificação do próprio grupo sexual no respectivo dia - homens na quinta-feira dos compadres e mulheres na quinta-feira das comadres (esta tradição é muito forte em Lazarim, Lamego). As troças (com uso de chocalhos, como no Alto Alentejo), perseguições e solidariedade dentro de cada grupo (no dia das comadres, até as mães são "contra" os filhos varões e os pais, no dos compadres, "contra" as filhas", por exemplo) são as marcas visíveis destes festejos, para além da exibição de bonecos jocosamente alusivos ao "outro sexo" nos dias de cada grupo (compadres ou comadres). Cotejos próprios de cada grupo ou casamentos fictícios, por sorteio, ocorrem em certas regiões, como no Alentejo. Outras regiões há em que as mulheres dão aos homens uma refeição melhorada, no dia das comadres, retribuindo os compadres, no seu dia, aquele favor culinário.
Quanto ao Carnaval propriamente dito, os seus rituais são mais ou menos comuns a todo o País, à excepção dos "cardadores" de Ílhavo ou das danças de Carnaval na ilha Terceira, Açores. As características comuns do Carnaval em Portugal são essencialmente quatro:
- ausência completa de restrições alimentares quantitativas e qualitativas, com a ingestão de carnes de toda a espécie, desde a orelheira no Norte ao galo em outras regiões, para além das sobremesas da quadra como o arroz doce e as filhoses. Os bodos são um exemplo festivo desta componente alimentar. Os excessos alimentares carnavalescos são entendidos, por outro lado, como contraponto aos jejuns e abstinências quaresmais.
- uso de máscaras, essenciais nos festejos mas sem relação alguma com rituais específicos, como noutras regiões da Europa (Veneza, Colónia...)
- exibição e destruição de manequins/bonecos de tipo burlesco, com carácter jocoso, visível nas paródias aos enterros (como o do "João").
- As "pulhas" carnavalescas, ou sátiras de acusação e provocação, directa e humorística, por vezes com tom ofensivo.
Estas três últimas constantes revelam outra oposição - a da transversão ou subversão momentâneas da ordem normal (sem desacatos organizados), licenciosidade, certa ruptura, excessos - à Quaresma, tempo de rigor e disciplina, contenção e discrição.
Estas características podem ser vistas também numa perspectiva de comemoração da transição entre dois ciclos, o do Inverno e o da Primavera, com o Carnaval a antecipar os rituais ligados a ideias de regeneração da fertilidade ou de retorno à abundância, as quais marcam as cerimónias do ciclo primaveril.
Os mais conhecidos carnavais de Portugal são os de Loulé, Ovar, Torres Vedras, Canas de Senhorim, Madeira, Alcobaça ou da Mealhada, alguns mesclados com tradições importadas - do Brasil ou de Itália - mas espontaneamente assimiladas pelos foliões portugueses e perfeitamente enquadradas no carácter de liberdade e animação popular.
Fonte: Diciopédia
Um menino mascarado de Super-Homem, uma menina mascarada de bruxa, uma máscara e um carro alegórico alusivo ao Noddy.
O Carnaval em Portugal
No calendário cerimonial anual português, o Carnaval é um dos mais importantes "ciclos" festivos. Assume particular destaque actualmente nos meios urbanos, mas possui, ao mesmo tempo, ainda características muito próprias nos meios rurais tradicionais. Aqui é anunciado, por exemplo, ainda antes dos três dias que decorrem entre o Domingo Gordo e a Terça-Feira Gorda, por celebrações preparatórias, dir-se-ia, como, por exemplo, as dos "dias dos compadres e das comadres".
Os antropólogos conotam a estas celebrações rituais de glorificação do próprio grupo sexual no respectivo dia - homens na quinta-feira dos compadres e mulheres na quinta-feira das comadres (esta tradição é muito forte em Lazarim, Lamego). As troças (com uso de chocalhos, como no Alto Alentejo), perseguições e solidariedade dentro de cada grupo (no dia das comadres, até as mães são "contra" os filhos varões e os pais, no dos compadres, "contra" as filhas", por exemplo) são as marcas visíveis destes festejos, para além da exibição de bonecos jocosamente alusivos ao "outro sexo" nos dias de cada grupo (compadres ou comadres). Cotejos próprios de cada grupo ou casamentos fictícios, por sorteio, ocorrem em certas regiões, como no Alentejo. Outras regiões há em que as mulheres dão aos homens uma refeição melhorada, no dia das comadres, retribuindo os compadres, no seu dia, aquele favor culinário.
Quanto ao Carnaval propriamente dito, os seus rituais são mais ou menos comuns a todo o País, à excepção dos "cardadores" de Ílhavo ou das danças de Carnaval na ilha Terceira, Açores. As características comuns do Carnaval em Portugal são essencialmente quatro:
- ausência completa de restrições alimentares quantitativas e qualitativas, com a ingestão de carnes de toda a espécie, desde a orelheira no Norte ao galo em outras regiões, para além das sobremesas da quadra como o arroz doce e as filhoses. Os bodos são um exemplo festivo desta componente alimentar. Os excessos alimentares carnavalescos são entendidos, por outro lado, como contraponto aos jejuns e abstinências quaresmais.
- uso de máscaras, essenciais nos festejos mas sem relação alguma com rituais específicos, como noutras regiões da Europa (Veneza, Colónia...)
- exibição e destruição de manequins/bonecos de tipo burlesco, com carácter jocoso, visível nas paródias aos enterros (como o do "João").
- As "pulhas" carnavalescas, ou sátiras de acusação e provocação, directa e humorística, por vezes com tom ofensivo.
Estas três últimas constantes revelam outra oposição - a da transversão ou subversão momentâneas da ordem normal (sem desacatos organizados), licenciosidade, certa ruptura, excessos - à Quaresma, tempo de rigor e disciplina, contenção e discrição.
Estas características podem ser vistas também numa perspectiva de comemoração da transição entre dois ciclos, o do Inverno e o da Primavera, com o Carnaval a antecipar os rituais ligados a ideias de regeneração da fertilidade ou de retorno à abundância, as quais marcam as cerimónias do ciclo primaveril.
Os mais conhecidos carnavais de Portugal são os de Loulé, Ovar, Torres Vedras, Canas de Senhorim, Madeira, Alcobaça ou da Mealhada, alguns mesclados com tradições importadas - do Brasil ou de Itália - mas espontaneamente assimiladas pelos foliões portugueses e perfeitamente enquadradas no carácter de liberdade e animação popular.
Fonte: Diciopédia